quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O nome e o como do século XXI

Quem sou eu?  O historiador Carlo Ginzburg em seu texto "O nome e o como" diz que o que identifica uma pessoa em determinada sociedade é seu nome, o qual seguido por diversos documentos e fontes, pode nos dizer muito sobre um determinado indivíduo e suas relações. Em pleno século XXI, era da informação e da tecnologia, o nome continua identificando o indivíduo. Mas, acrescentaria também uma série de senhas, números e cartões magnéticos. Todos muito fáceis de serem clonados ou falsificados. Os documentos continuam registrando informações a nosso respeito. Porém, numa era em que as coisas mudam tão rápido, a busca de uma identidade e personalidade parece uma batalha travada numa realidade ampliada pelas redes de relacionamento social, como orkut, facebook, twitter e blogs como este. Além das diversas faces em que podemos criar no mundo virtual, novas ferramentas nos dizem o quanto nosso nome nos liga à realidade em que vivemos. Ou será que não?  Até os nomes tem perdido sua identidade. Perguntei ao google "quem sou eu" e ele me deu diversas personalidades!!!
 
Alguém já pesquisou seu nome entre aspas no google? Há alguns anos atrás meu nome aparecia apenas uma única vez e era na lista de cadastro do restaurante universitário da Universidade Estadual de Londrina. Sabe como é estudante, né?! Embarca nestas viagens de congressos acadêmicos, mas vai com o dinheiro contado, dorme em alojamento e almoça em restaurante universitário, é claro! Bem, estava lá o meu nome. Os anos vão passando, começa o crescimento acadêmico, participação em eventos, apresentação de trabalhos. Nosso nome começa a aparecer em vários sites, o google mostra tudo, a gente acha até que está ficando importante. E depois que você consegue publicar artigos em revistas, nossa que orgulho. O google começa a virar seu fã!!! 

Mas além desse bonito histórico da sua vida registrada na internet (vida acadêmica, diga-se passagem) o google começa a nos mostrar personalidades que antes desconheciamos. Sim, você começa a se encontrar em situações antes nunca imaginadas, duvida da sua própria personalidade, ou descobre que tem alguns homônimos esparramados pelo país. Que horror, pior, pode descobrir que existem pessoas utilizando seu nome indevidamente. É o fim, o que vamos fazer?! Eis a era da informação. Se não nos controlarmos vamos beirar a esquizofrenia. Certo, mais qual o motivo de tanto alarde? O que o google mostrou de tão escabroso? 
Quem me dera ter passado por Brasilia, visitado Tocantins ou mesmo passeado pela Bahia. Se eu não me lembro destas viagens, como pode meu nome aparecer em tantos lugares? Digitando meu nome entre aspas no google encontrei homônimos meus, outros exatos "Leandro Pereira Matos" em situações um tanto quanto inusitadas. A primeira delas, digna de um susto, é uma nota do Superior Tribunal de Justiça, onde consta que um homônimo meu teria assaltado com um revólver calibre 38 um balconista J. E. Lins, na QNF, em Taguatinga, Distrito Federal, levando sua bicicleta. Ladrão de bicicleta, essa não?! 
(STJ) 

Não termina por aí não! Em outro site, da Associação de Defesa dos Interesses dos Consumidores do Estado da Bahia encontro um L.P.M.  movendo uma ação contra a FINASA. Caloteiro, só me falava essa! Ainda no Estado da Bahia, o TRT publica em seu diário oficial uma homologação de um acordo onde um Leandro P. M. era o reclamante (seria o mesmo? seria eu?). Para fehar com chave de ouro, apareço (meu homônimo, quero dizer) no diário oficial do Estado de Tocantis, em um Doeto (o que é isso? Alguém conhece juridiquês?) de 06/07/2009. Agora eu não sei se agradeço ao google por me informar destas e outras curiosidades sobre meu nome, ou se fujo para o Paraguai. Bem, se eu for preso acusado de assalto a mão armada, vocês já sabem, não sou eu. É meu nome, mas não sou eu!!!  
(Ponte da amizade - Brasil/Paraguay)

 
Depois destas informações tão relevantes, chego a uma conclusão: historiador é um bicho muito curioso e ainda foi descobrir o google!

Leandro P. Matos em "O nome e o como", inspirado por Carlo Ginzburg...



Um comentário:

  1. :-) Muito bom escrever!! Liberta a alma, a deixa criativa e a procura de algo profundo...

    fernando

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