domingo, 24 de agosto de 2014

ESTRANHO

É muito estranho ser apenas um estranho pra você
A dor do parto é sempre a parte que mais dói
E te ver partir talvez não tenha doído tanto
Quanto te ver sorrir ao lado de outro
Os beijos que outrora eram meus
As mãos que antes deslizavam sobre mim
são de outro o seu olhar,
E vai, além do mar, navegar
Além do amor,
Por outras águas, outro porto
Outras pernas a desvendar.
Vai nadar por entre braços,
pés descalços e laços apertados.
Eu jamais podia imaginar,
que a dor apertasse tanto
quando o aparte fosse inevitável
quando o aperto fosse a parte maior
desse peito vazio de você..
E eu não pensei, quando fui, quando parti
que a minha dor ainda estava por vir
no dia em que eu te visse preencher
o vão entre o peito e os seus braços
pelo tronco de alguém que não fosse eu,
por um corpo que não fosse meu.
No dia em que me tornei um estranho pra você
Foi o dia em que o seu vazio sumiu
O dia que um buraco no meu peito se abriu.