domingo, 12 de dezembro de 2010

FINICIAL



O que você busca na fonte?
Se nela só há o início.
O início fantástico,
O início perverso
Que no final é sempre início
Resultado de um meio oculto
Ausente, indiferente

Se as coisas do mundo são sempre novas igualdades,
Que fazemos todos os dias?
Acreditando em novas velhas diferenças personagens

Quando a terra gira em torno de si
Em torno do sol
Os filhos viram pais,
Os pais avós... e somem.

Se o riso precede a lágrima
Se a paz vem depois da guerra
E a guerra depois da paz.
Qual será o início
Diferente do fim
Do homem que vem do nada
E volta pra ele
No girar terrestre
Em girar umbilical
Do nascer final
E morrer inicial.

sábado, 27 de novembro de 2010

Paredes e Almas



Ouvi ruídos nas paredes

Paredes brancas, ásperas, secas.

Essas paredes gritavam, choravam.

Paredes de prédios, de casas, de muralhas.

Quem são vocês que gritam?

De quem são essas sombras,

Dos quais os corpos não mais habitam.

Caídas por debaixo de ruínas

Das inúteis paredes, das paredes cortinas.

Paredes antítese ou hipérbole

Ou com grades ou elétricas

Protetoras aprisionam inocentes.

Se as grades ressuscitassem inocentes

Inocentes não blindariam janelas, portas, paredes

Nem ouviriam ruídos de medo

Muito menos morte por armas

Muito menos porte de almas. 



(Leandro Matos)

sábado, 13 de novembro de 2010

Espaço Poesia

Ei amigo,

Nos perdemos entre os goles de sentimento! 
Ora saudade, ora melancolia. 
Alguns copos de gin, perfumado de desejos obscenos confundem nossos sentidos. 
Mas acho que aquela dose de cachaça que desce ardendo a garganta, sempre fazendo os olhos ficarem vermelhos e as lágrimas caírem tem acabado com a gente! 
O gosto destes seres destilados tem nos custado muito, apesar de valerem tão pouco!
Talvez eu me interne numa clínica de reabilitação, 
ou procure os alcoólatras anônimos. 
Mas o que eu posso fazer se sou viciado nos meus sentimentos? 
Em todo bar que sento, encontro saudade,
Em todo brinde com os amigos, encontro carinho. 
Em todo gole de vida, sinto gosto do novo e do velho,
do medo e da esperança. 
Em cada porre uma paixão e em cada ressaca uma desilusão.
Estamos mesmo bêbados, o mundo está girando... 
quando estou sóbrio, estou triste, iludido de racionalidade. 
Não quero abrir mão da minha garrafa de sentimentalismo, 
Hoje eu quero mais um gole do impossível... 
Bebe comigo?

Dedico a todos os meus amigos e em especial a um muito importante na minha história, 
a quem escrevi esse texto a alguns anos atrás! 




SENTIDOS



O som do meu silêncio é aterrorizante
Parece que olhei pelo buraco da fechadura
E respirei dor
Tateei paredes ásperas e devorei concreto
O incerto, o duvidoso, calaram meu choro
Agora o chão é o inverso do meu limite
O desaguar do céu lá fora parece estranho
Acabou contaminando meu interior
Questionei meus limites, eles existem?
A palma da mão buscando acreditar
Encontrou por certo uma ilusão
Apalpei todos os palpites, e saboreei-os
Com a fome de uma pedra, e depois
Joguei-os pela janela
Usei todos os sentidos
Querendo compreender minha confusão...
Rodei pelo espaço que me cabia
Escorri pelo ralo da ironia
Pobre alma inocente
Descobri somente o que não sabia.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Enquanto isso no UNI...VERSO!

 
Transcende a dor o que eu não sei dizer
Digo algo, talvez um gemido
Ruído de um louco, canto de animal
Desfigura-se a face... olhos, boca, água
Ilumina-se o espelho de um cego
Vê-se o não visível, de tão interno... eterno
Ser apenas externo, passageiro
Vida que queremos, as vezes não podemos
Perdemos, lutamos, enlouquecemos
Incendiários no sexo, vivemos
Incendiados no trabalho, morremos


Vida, morte, universo, país, casa
O meu quarto, o medo
Astronauta, coragem
Sair ou não sair?
Transcende o amor o que eu não sei dizer
Sinto algo, talvez um arrepio
De um grão de areia, pedra
De uma estrela, nebulosa
De um bêbado qualquer
Buraco negro, vomita o universo
Cai uma gota, a terra
Na imensidão do todo, o tudo é indefinível
E o eu só se torna visível
De dentro pra fora
Do egoísmo chamado personalidade
Realiza a existência, mitifica a identidade
Da estrela e do nada
Da vida pra morte
Segundos de sorte.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O nome e o como do século XXI

Quem sou eu?  O historiador Carlo Ginzburg em seu texto "O nome e o como" diz que o que identifica uma pessoa em determinada sociedade é seu nome, o qual seguido por diversos documentos e fontes, pode nos dizer muito sobre um determinado indivíduo e suas relações. Em pleno século XXI, era da informação e da tecnologia, o nome continua identificando o indivíduo. Mas, acrescentaria também uma série de senhas, números e cartões magnéticos. Todos muito fáceis de serem clonados ou falsificados. Os documentos continuam registrando informações a nosso respeito. Porém, numa era em que as coisas mudam tão rápido, a busca de uma identidade e personalidade parece uma batalha travada numa realidade ampliada pelas redes de relacionamento social, como orkut, facebook, twitter e blogs como este. Além das diversas faces em que podemos criar no mundo virtual, novas ferramentas nos dizem o quanto nosso nome nos liga à realidade em que vivemos. Ou será que não?  Até os nomes tem perdido sua identidade. Perguntei ao google "quem sou eu" e ele me deu diversas personalidades!!!
 
Alguém já pesquisou seu nome entre aspas no google? Há alguns anos atrás meu nome aparecia apenas uma única vez e era na lista de cadastro do restaurante universitário da Universidade Estadual de Londrina. Sabe como é estudante, né?! Embarca nestas viagens de congressos acadêmicos, mas vai com o dinheiro contado, dorme em alojamento e almoça em restaurante universitário, é claro! Bem, estava lá o meu nome. Os anos vão passando, começa o crescimento acadêmico, participação em eventos, apresentação de trabalhos. Nosso nome começa a aparecer em vários sites, o google mostra tudo, a gente acha até que está ficando importante. E depois que você consegue publicar artigos em revistas, nossa que orgulho. O google começa a virar seu fã!!! 

Mas além desse bonito histórico da sua vida registrada na internet (vida acadêmica, diga-se passagem) o google começa a nos mostrar personalidades que antes desconheciamos. Sim, você começa a se encontrar em situações antes nunca imaginadas, duvida da sua própria personalidade, ou descobre que tem alguns homônimos esparramados pelo país. Que horror, pior, pode descobrir que existem pessoas utilizando seu nome indevidamente. É o fim, o que vamos fazer?! Eis a era da informação. Se não nos controlarmos vamos beirar a esquizofrenia. Certo, mais qual o motivo de tanto alarde? O que o google mostrou de tão escabroso? 
Quem me dera ter passado por Brasilia, visitado Tocantins ou mesmo passeado pela Bahia. Se eu não me lembro destas viagens, como pode meu nome aparecer em tantos lugares? Digitando meu nome entre aspas no google encontrei homônimos meus, outros exatos "Leandro Pereira Matos" em situações um tanto quanto inusitadas. A primeira delas, digna de um susto, é uma nota do Superior Tribunal de Justiça, onde consta que um homônimo meu teria assaltado com um revólver calibre 38 um balconista J. E. Lins, na QNF, em Taguatinga, Distrito Federal, levando sua bicicleta. Ladrão de bicicleta, essa não?! 
(STJ) 

Não termina por aí não! Em outro site, da Associação de Defesa dos Interesses dos Consumidores do Estado da Bahia encontro um L.P.M.  movendo uma ação contra a FINASA. Caloteiro, só me falava essa! Ainda no Estado da Bahia, o TRT publica em seu diário oficial uma homologação de um acordo onde um Leandro P. M. era o reclamante (seria o mesmo? seria eu?). Para fehar com chave de ouro, apareço (meu homônimo, quero dizer) no diário oficial do Estado de Tocantis, em um Doeto (o que é isso? Alguém conhece juridiquês?) de 06/07/2009. Agora eu não sei se agradeço ao google por me informar destas e outras curiosidades sobre meu nome, ou se fujo para o Paraguai. Bem, se eu for preso acusado de assalto a mão armada, vocês já sabem, não sou eu. É meu nome, mas não sou eu!!!  
(Ponte da amizade - Brasil/Paraguay)

 
Depois destas informações tão relevantes, chego a uma conclusão: historiador é um bicho muito curioso e ainda foi descobrir o google!

Leandro P. Matos em "O nome e o como", inspirado por Carlo Ginzburg...