sábado, 21 de abril de 2012

AZUL VERMELHO

A cor azul combina com vermelho
As flores que passam perfumes no meu espelho
Um sentimento amargo cor de tempero
Meu desespero tem cheiro de doce bom
E aí se vai a música no mesmo tom.

Já me perdi pela fome de Glória
Implorei seu carinho, brinquei sozinho
E agora estou buscando outro desejo
O seu azul me parece um segredo
O outro céu vermelho se escondeu
E me sobrou aqui um negro vazio
distraído.

Se foi sincero eu não sei dizer
Houve dias que já fui melhor
Agora escuta um pedido meu
Todas as cores são palavras minhas

A sua rua me parece estranha
As suas roupas são grandes de mais pra mim
Aquele sonho foi irreal
Metade doce, outra metade mentira de um animal

Agora volte as dores que te contei
As suas cores são azul vermelho, as minhas flores negro eu

O seu azul me parece um segredo
O outro céu vermelho se escondeu
E me sobrou aqui um negro vazio
distraído.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Meu pé de Caqui


Quero um quintal lindo assim
Quero plantar um pé de caqui, bem aqui
Um pé de laranja lá
E um de lima ali
Do lado de cá quero flor de manacá
Em volta da casa rosa
Na beira da cerca amora
Pro meu amor cereja
E o cheiro doce do abacaxi sempre aqui
Uma trepadeira de flor vermelha
Na esteira na janela da sala
Um girassol pra vigiar no céu
A dança gostosa do sol
Um copo de leite perfumando o café da manhã
Uma tulipa de desejos saudando a tarde na varanda
A noite bêbada pela dama da noite
Vai me acordar de manhã com um beijo doce de maçã
Mas só descerei da árvore se for nos braços seus
Nos galhos e flores do teu seio
A vista de erva doce e alecrim
Quero um sossego em forma de pêssego
E bem aqui meu pé de caqui
Para te amar gostoso assim

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Me deixe

Me deixe ser angustiado, 
Me deixe ser alegre
Me deixe ser subversivo,
me deixe ser depressivo, deprimido
Me deixe ser invadido, invasor
Me deixe.
Só não me deixe morrer na amargura de não viver.
Me deixe ser um perigo, estonteante
Me deixe ser velho, arrogante
Me deixe ser criança, principiante
Me deixe ser maldito, safado
Me deixe ser Dom Juan, Otelo, Chateaubriand
Só não me deixe morrer na amargura de não viver.
Me deixe só, solto, sereno
Me deixe vistoso, augusto, moreno
Me deixe voar, viajar, voltar
Me deixe cortar, sorrir, sangrar
Me deixe.
Só não me deixe morrer na amargura de não viver.
Me deixer ser poeta e passista, bêbado e equilibrista
Me deixe ser bonito e barato
Me deixe ser algo de fino trato
Me deixe ser intenso, suspenso, alçado
Me deixe ser florido, perdido e amado
Só não me deixe morrer na amargura de não viver.
Me deixe ser fraco, feio, desarmado
Me deixe solista do acaso
Me deixe armado desalmado
Me deixe ser visto sem salto
Me deixe.
Só não me deixe morrer na amargura de não viver.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Deitado

Hoje eu me vi poeta, e me vi patético.
Hoje eu sonhei voar e me vi deitado
ousado, foi apenas o espaço que determinou o sonho,
foi apenas o sonhado.
Acordado, me vi deitado.
O pensamento é heróico e levantado
Mas o corpo continua deitado.
se eu tivesse deleitado a prosa, rimado as vontades,
mas fui breve nos versos, silencioso nas palavras
pensei, e não encontrei limites
mas ao redor, continuava deitado.
havia encontrado um punhado de imagens
colagens de um poético, mas continuava
deitado de um lado, e de outro apagado
esse estado é um dado, caído, jogado
Hoje o poeta sonhou voar
Patético deitou a sonhar
sonhou-voar-deitado


UMA REFLEXÃO

Como guardar todas as coisas boas comigo e mergulhar em cada uma delas e sentí-las e deixa-las mergulhar em mim? Ficar na superfície é fácil, mas não me satisfaz mais, a vontade é de ir cada vez mais fundo, em mim e nelas. Saborear a intensidade com que cada segundo de vida foi criado e em cada criação dançar e cantar todo instante de vida que foi forjado. Eis o milagre de viver e não apenas passar.

05/04/2012