Não sei o que pesa mais sobre minha cabeça,
Se é a cabeça que pesa, ou se é a reza que falta
Não sei se foi o mundo que caiu sobre meu colo,
Ou se foi eu que me plantei no chão do mundo.
Não sei se o medo se disfarça,
Ou se é disfarce viver com medo.
O mundo é uma farsa, uma ilusão sem fala,
Mas faça a vala que te cabe destemido,
Ouve por olhos a casa que te abriga,
Sorria pelos ouvidos malditos, que eles te escutam,
Não saia por entre as bocas fadistas, elas te devoram.
Faça a idéia prenhe que nascerá de si mesmo,
Vai parir num canto do mundo, qualquer canto que sobre.
E dance a melodia que te socorre, pelo balé da musica implore
Socorre, não chore, só corra,
Voa, volte, encontre o sonho que te colore
Chore.
Delicie suas dúvidas, que elas são guerreiras,
Ao pé da árvore e de uma clareira se demore.
Devore os cheiros que te movem,
Deite-se sobre a terra e afague,
Se apegue e renegue, veja, mas não olhe.
Sinta o toque do invisível, carregue e beba,
Tudo será algo que não se apeia.
O mundo se torna leve, quando você explode,
A sorte de tudo é que o tudo é uma sorte
Um pedaço de terra, um pacote de vento
Mas não saberei disso se não sofrer
Não viverei a dor de não saber
Caberá em mim o peso que o mundo ceder.
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