quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Uma árvore, um rio, um beija-flor

Há momentos em que você se questiona
você se sente como uma árvore
raízes fincadas ao chão
ou como um rio
são tantas margens que nos cercam.
Passamos controlados e limitados,
pelo que está a nossa volta.
Mas chega um hora que você quer desaguar
voar, transbordar.
Romper os limites,
e saborear o gosto doce do vento fresco no rosto
sentir a grama verde sob a sola dos pés
tatear todas as folhas e troncos
despertar sobre as nuvens
silenciar mirando a luz do sol
Olhar todas as ruas e esquinas desse mundo
todas as pedras e telhas, praças e parques.
Mas são tantas as forças que te limitam
você exita, não se move
ou escorre entre suas margens
repete o mesmo ciclo de cada dia
como se fosse obrigado a ser o mesmo
E repeti-lo incansavelmente, até o fim.
Seria tão mais belo se você pudesse ser também uma ave
uma flor, uma borboleta, uma fruta saborosa
E cada dia com cada cor, cheiro, altura e desejo
E amasse como quem descobre um sorriso novo
na brincadeira de criança viva e atenta.
escolha o doce que te alimenta,
e voe pelo mundo, pelo seu mundo
como um beija-flor mutante.


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Morte

A morte é um campo em silêncio,
flores e vento fresco sem barulho,
A morte é um instante de paz
porém, instante eterno
A morte é um campo de batalha,
onde não se ouve o som das balas
e nem o tinir das espadas
É um lugar onde vemos os corpos caídos
E o tempo não passa
É a ante sala espera de jantar
Com uma bela mesa posta
Com belos pratos dispostos a não saborear
Uma dança sem movimento
Suspiro sem respirar
A morte é a certeza de um estado de espírito
que espreita sem qualquer estar
É uma valsa imóvel
Uma história sem começo e fim
um relógio com ponteiros estáticos.
Na morte não se passa
nem para frente, nem para trás
Estaca-se
E fim.